Dia de festa no Ocidente

(Tiago Franco, in Facebook, 25/01/2025, Revisão da Estátua)

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O mundo tratará de interpretar a imagem da libertação dos reféns e as narrativas serão, agora, construídas. Ganhará, obviamente, aquela que tiver melhor capacidade de divulgação e mais acesso aos meios de comunicação.

O que eu vejo, ou o que tenho visto nos últimos dias, é uma comoção sem fim com a libertação de reféns em contraste com o desprezo reinante com as mortes do outro lado.

Este conflito muda, decisivamente, a forma como olho para o governo israelita e, até, a forma como olhava para o Hamas.

E é tudo uma questão de números e de alguma coerência, para podermos olhar quem nos rodeia com honestidade. Se de um lado morrem 1200 pessoas e, do outro, morrem 46000, desculpem, a minha escolha é lógica. E seguiria o mesmo raciocínio se as IDF tivessem assassinado 1200 pessoas e o Hamas, em resposta, matasse outras 46000.

Se todas as vidas valem o mesmo, então poupem-me as lágrimas de crocodilo. Ando há uma semana a ver as habituais apoiantes do genocídio (desta vez não vou fazer publicidade a anafadas e respetivas roadies) a contar a história de cada refém enquanto, em Gaza, continuam a morrer às dezenas todos os dias. Gente sem nome, apenas um número.

É aliás curioso que nos andem a dizer há meses que Gaza está controlada, a guerra acabou, o Hamas está destruído mas…as mortes continuam e a libertação de reféns é feita com esta demonstração de força dos locais. Estou certo que alguém explicará que eram todos figurantes.

Quem acha que habitantes de uma prisão (é isso que é Gaza), que se habituaram a ver familiares assassinados pelas bombas israelitas, passam a terroristas quando procuram vingança (nas fileiras do Hamas ou de outra força qualquer), estará provavelmente no lado errado da História.

Que povo conhecem vocês que depois de massacrado, deslocado, assassinado, anos a fio, procura outra coisa que não vingança?

Claro que podemos sempre escolher qual a  vingança que é terrorista e qual a vingança que é um direito. Mas isso já entra naquela história do racismo que rapidamente se torna desagradável e hoje não estamos aqui para incomodar.

Fico feliz que inocentes sejam libertados, venham de onde vierem. Não fico feliz quando percebo que o Ocidente continua a valorizar mais a vida de um israelita do que o assassinato de cinquenta palestinianos. Uma vida é uma vida. Ponto final.

2 pensamentos sobre “Dia de festa no Ocidente

  1. Inocentes na mesma frase que
    israelitas?
    Os israelitas vivem em terra ocupada, roubada, tendo expulsando a gente que lá vivia.
    Quem junta inocentes e israelitas na mesma frase está a comprar a balela que justificou a criação do estado genocida de Israel, “uma terra sem povo para um povo sem terra”.
    Lá viviam um milhão de pessoas que foram expulsas ou mortas.
    Não há inocentes em Israel nem nunca houve.
    Se alguém por lá e inocente serão as crianças e mesmo essas, crianças que cantam canções a louvar o genocídio e destroem ajuda humanitária podem ser lamentadas como vítimas de lavagem ao cérebro e educação para o ódio mas não são inocentes.
    Mas nenhuma criança foi feita refém.
    Já os israelitas manteem como reféns centenas de crianças, alias, todas as crianças em terra ocupada sao reféns pois que podem ser mortas a qualquer altura se um soldado israelita lhe apetecer matar alguém.
    E sabe se que os integrantes do exército mais moral do mundo adoram matar.
    Mas sim, da nojo que nos andem a contar a vida dos pobres reféns israelitas desde pequeninos e se estejam nas tintas para os mais de 50 mil residentes de Gaza que foram mortos em pouco mais de um ano.
    E para os milhares de palestinianos reféns que continuam a apodrecer muitas vezes sem culpa formada nas masmorras israelitas.
    Tudo porque a estupidez desta gente leva os a ver os palestinianos como uma espécie de bichos ao mesmo tempo que vê os israelitas como iguais a nós.
    Estou me nas tintas para se os israelitas vestem calças de ganga e ouvem música rock.
    As criaturas vivem há quatro mil anos atrás e acham que e seu dever matar o inimigo. Sendo que o inimigo é todo aquele que viver na terra que eles cobiçam. Na terra que, justamente por viverem há quatro mil anos, acreditam que Deus lhes deu. Criminosamente acreditam.
    Quem e pro israelita de graças por os monstros não acharem que afinal de contas Deus lhes deu a sua terra e vão ver se o mar da choco.

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